GRAÇA CAPINHA

Título: Ancoragens temporárias, hospitalidades e utopias trágicas: para um modelo agonista de linguagem.

Resumo: Esta reflexão assenta numa hermenêutica politópica e debruça-se sobre textos poéticos e entrevistas coligidos, ao longo de vários anos de pesquisa sobre a emigração portuguesa, nos EUA e no Brasil. Esses textos de mulheres — out of everywhere, chamo-lhes, com a ajuda da poeta Maggie O’Sullivan — sublinham a inevitabilidade da incompletude e do descentramento, a inevitabilidade de uma construção identitária e/ou (bi)linguística, sempre em processo dinâmico, entre os sentimentos de inclusão e de exclusão em que o sujeito temporariamente ancora. Confrontamo-nos com poéticas de deslocação que estilhaçam qualquer hipótese de voz ou de observação unívocas — as dos/as próprios/as investigadores/as incluídas — e que parecem revelar, tragicamente, diríamos, a impossibilidade de uma linguagem colaborativa/comunicativa. E, contudo, só nessa exiliência, só nesse “núcleo existencial comum a todas as experiências de sujeitos migrantes”, se desvela, agonisticamente, a hospitalidade acolhedora das novas utopias em construção. É sobretudo essa a dimensão ética desse “fazer” (poiein).

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Graça Capinha faz parte do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas (DLLC), Secção de Estudos Anglo-Americanos, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), e é Investigadora do Centro de Estudos Sociais-Laboratório Associado (CES) da mesma universidade. É doutorada em Literatura Norte-Americana pela Universidade de Coimbra. Foi directora do Instituto de Estudos Norte-Americanos (2006-2008), membro da Comissão Coordenadora do Conselho Científico da FLUC (2004-2008), do Conselho Científico do DLLC-FLUC (2008-2010) e da Direcção do CES (2003-2005 e 1993-1995). Responsável pela criação do 1º Programa de Doutoramento na FLUC, o programa inter- e transdisciplinar “Linguagens, Identidades e Mundialização” (FLUC/FEUC/CES), hoje reformulado e com o novo título “Discursos: História, Cultura e Sociedade”, tem leccionado em vários cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento no domínio das literaturas inglesa e norte-americana, da poética e da poesia contemporâneas, bem como da escrita criativa (área que introduziu na universidade portuguesa em 1996). Foi Investigadora Responsável pelos Projectos Colectivos “Emigração e Identidade” (JNICT/CES) e “Novas Poéticas de Resistência: O Séc. XXI em Portugal” (FCT/CES), tendo participado na equipa de investigação de vários outros projectos, dentro e fora de Portugal. Entre 1991 e 1999, esteve ligada ao Poetics Program, da State University of New York (SUNY at Buffalo, EUA), aí tendo trabalhado com alguns poetas e teóricos L=A=N=G=U=A=G=E . De 2001 a 2002, foi membro da equipa do projecto “Iniciação às Artes para Crianças” e docente de Poética em vários cursos intensivos para músicos no Centro para o Estudo das Artes de Belgais, dirigido pela pianista Maria João Pires. Co-organizadora dos “Encontros Internacionais de Poetas” da FLUC (1992-5-8-2001-4-7-10), foi também a principal responsável pela criação e coordenação do “Programa de Poetas em Residência da FLUC” (2007-2013). Dirigiu a Oficina de Poesia. Revista da Palavra e da Imagem (FLUC, Reitoria da UC e CES, 1997-2014). Co-coordena a série “Literatura e Artes” da Colecção CES/Almedina. As suas publicações centram-se na temática da poética contemporânea, sobretudo norte-americana e portuguesa, na sua relação com questões de âmbito social e político (identidades e a emigração).